De todas as histórias que ouvimos
em algum momento da infância, poucas são tão conhecidas (e queridas) quanto
“Chapeuzinho vermelho”. Quando iniciamos
as nossas “contações” do clássico, logo percebemos que muitas crianças já
estavam totalmente familiarizadas com o seu enredo e algumas até cantavam a
canção tão popular composta por Braguinha: “Pela estrada fora eu vou bem
sozinha/ Levar esses doces para a vovozinha”...
Seguimos,
então, pela estrada do encantamento: fizemos dramatizações, circuitos
psicomotores, recontos, modelagens,
pinturas, colagens, receitas... brincamos com a história de muitas maneiras
possíveis. Não, não queríamos atalhos! Trilhamos longos caminhos indicados
pelas crianças e aproveitamos cada descoberta, no tempo delas. Visando novas
experiências, a ampliação de conhecimentos e do repertório cultural de cada um,
também planejamos, propomos e mediamos ações
pedagógicas vinculadas à história. O resultado não poderia ser outro:
todo um grupo, de gente pequena e grande, apaixonado pelo clássico e por tudo
que desenvolvemos a partir dele.
Um
dos primeiros pontos que nos despertou interesse foi a cesta que a Chapeuzinho
deveria levar para sua vovó, ilustrada em algumas versões com muitos detalhes.
Assim, partimos para a confecção de nossas próprias cestinhas, recheadas com
“doces” de argila. Tocar na argila representou um grande desafio para algumas
crianças! Outras, por outro lado, a manuseavam com interesse e vontade,
moldando “docinhos” de formas variadas. Procuramos explorar as suas
características, como a cor, a textura, o cheiro... . Nossos pequenos
cientistas perceberam também que a argila fica maleável quando misturamos com
água e que endurece quando está seca. Sistematizamos o que as crianças
descobriram a partir da experiência e no dia seguinte pintamos o que
produzimos.
O
próximo passo foi literalmente delicioso: fazer biscoitos de fécula de batata
para uma nova cesta da vovó. E preparar uma receita é uma ação pedagógica rica
em objetivos de aprendizagem e desenvolvimento... Quantas coisas podemos
aprender! Primeiro lembramos que antes de tocar/preparar alimentos precisamos
reforçar os cuidados com a higiene, mantendo as mãos bem limpas. Separamos, em
seguida, os ingredientes, observamos as suas embalagens e fizemos a leitura
compartilhada da receita. Partimos para o preparo, observando medidas e
contando a quantidade de colheres ou xícaras que deveríamos usar com cada item,
colocando, enfim, a mão na massa. E como foi divertido!!! Depois escrevemos a
receita em conjunto, experimentando esse gênero textual tão presente em nosso
cotidiano, e enviamos a cesta de biscoitinhos para cada família.
Notando que algumas crianças
apresentam certa resistência em provar determinados alimentos oferecidos em
nosso cotidiano, propomos a preparação uma cesta mais saudável, repleta de
frutas variadas, como as que estão presentes em nosso cardápio diário na
creche. Primeiro fizemos um piquenique de degustação ao som da música “Pomar”
do grupo musical “Palavra Cantada” e depois usamos moldes para pintarmos
algumas de nossas frutas preferidas. Fizemos, por fim, uma cesta usando a
técnica da papietagem e as crianças ficaram bem entusiasmadas ao usarem tanta
cola e de uma maneira diferente.
O fazer
artístico permeou todo a nossa ação pedagógica! As crianças reutilizaram e
pintaram rolinhos de papel higiênico, transformando-os em lobos e chapeuzinhos;
criaram lobos a partir da pintura e da colagem em pratinhos descartáveis,
fizeram desenhos com interferência, pintura da floresta usando moldes de
árvores (cortadores de massinha), lobos de dobradura, entre tantas outras
práticas. Procuramos sempre oferecer diferentes materiais, suportes e técnicas,
ampliando as possibilidades de criação.
No dia do Brincar, montamos um
grande circuito psicomotor, que representava o caminho da Chapeuzinho Vermelho
para chegar até a casa da vovó. E desafios não faltaram! Tinha uma “cama de
gato gigante”, túnel de tecido, pontes de cadeiras e escorregas, colchonetes,
cordas, bambolês e bolas. Cada criança experimentou muitas possibilidades
corporais, formas de deslocamento e combinações de movimentos.
E para concluir, nos divertimos
com um teatro de fantoches, cineminha com pipoca e confecção de dedoches que
foram enviados para casa.