Quando
guri, eu tinha de me calar, à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora,
depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.
Mário Quintana
Após
o acolhimento às famílias assistimos trecho do filme “O pequeno Nicolau”.
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O que chamou a atenção dos participantes?
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Qual o papel dos adultos no primeiro
trecho do filme?
Distribuímos um balão de quadrinhos,
em branco, e fizemos a seguinte proposição:
“Desenhe no
balão (ou escreva) o que você, quando criança, pensava que seria quando
crescesse. Algum adulto conhecido influenciou você nessa decisão?”
Observamos como as ideias, na interação com os
outros pais, ganharam asas, tomaram outros rumos. E deixaram de ser a ideia de
um só participante, para se tornar, nas histórias que acabaram de ouvir, a
ideia dos grupos.
Com as crianças, acontece algo
semelhante. Elas compartilham com outras
crianças e adultos com os quais convivem as suas ideias acerca do mundo e vão
ganhando novas percepções, nesse movimento de grupo.
Vamos
ver como termina essa história?
Diante
de tudo o que discutimos hoje, vocês acreditam naquele ditado que diz: “Família
é tudo igual; só muda o endereço”?
Fechamos
o encontro com a confraternização das famílias e o reconhecimento de todos os
adultos presentes, enquanto mediadores e formadores de
nossas crianças.
"O
filme O Pequeno Nicolau é uma história que se passa no ano de 1950 e o foco é
voltado para o imaginário das crianças para interpretar e explicar os
acontecimentos da vida.
Nicolau é a personagem central, ele tem 8 anos e sua história se desenrola
entre a escola e sua casa, entre a presença da professora e de seus pais nesta
passagem da sua infância.
Tudo começa quando a professora pede que escrevam uma redação sobre o que as
crianças querem ser quando crescer. Nicolau nos apresenta seus amigos e os
laços afetivos que possui com eles descrevendo através de sua imaginação o que
cada um vai ser. Seu amigo mais gordinho seria um ministro porque gosta de
comer e essa função exige que ele vá a muitos banquetes, seu amigo riquinho vai
trabalhar com o pai porque ele ganha muito dinheiro, entre outros. Todas as
descrições são inocentes, traduzindo a maneira como uma criança percebe o mundo
adulto. Não há nada racional nos relatos, e desde o início do filme embarcamos
nessa inocência. Nicolau é mimado por sua mãe e adora a sua vida. Gosta tanto
que não consegue escrever na redação “o que quer ser quando crescer”, pois ele
não quer crescer e assim não consegue se vir fazendo parte do mundo dos
adultos. Ele quer que sua vida permaneça da mesma forma que está agora.
Para seu desespero, seus pais começam a serem gentis um com o outro e esse
"comportamento estranho" bate com a
descrição que seu amigo lhe deu de seus pais. Quando isso aconteceu, ele
teve um irmão e Nicolau não quer ter um irmão. O nascimento de outra criança
mudaria totalmente sua vida e o fato dele ser irmão mais velho o obrigaria a
envelhecer, coisa que não pretende fazer.
A partir desta interpretação e da decisão de não querer ter um irmão mais novo,
Nicolau pede ajuda aos amigos para se livrar do irmãozinho que pensava que
teria. Na história, a lógica infantil de pensar e o mundo com suas questões são
marcantes, embora exista a lógica dos adultos, é a lógica das crianças que
prevalece."
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